terça-feira, 13 de janeiro de 2009


Em termos locais, a nossa ilha necessita de especial atenção, sobretudo no que se refere a espaços verdes. A actividade humana desordenada que tem caracterizado a ocupação de solos, sobretudo na zona sul, conduziu à substituição da vegetação natural por espécies visando a construção agrícola e habitacional.
Em termos globais, na nossa ilha temos a relíquia de uma floresta que teria existido em grandes áreas no Terciário. A sua localização geográfica, numa posição periférica em relação aos glaciares que cobriam a Europa, nos períodos de arrefecimento do clima (glaciações da Era Quaternária), permitiu que mantivesse e chegasse aos nossos dias tão precioso elemento do nosso património biológico – a Laurissilva. No entanto, se por um lado a sua situação insular, no oceano Atlântico, com o clima ameno e um relevo acentuado, torna favorável à conservação de espécies, por outro, exige atenção especial e permanente para a manutenção de tão equilíbrio de vegetação.
Presentemente esta floresta que outrora cobriu quase toda a Madeira, mantém-se bem conservada com toda a sua pujança, apenas em vales muito encaixados, de vertentes com declive acentuado, onde é impossível o corte de árvores, onde o gado também não conseguiu saciar o seu apetite, por serem lugares tão íngremes e inacessíveis. Só assim foi possível chegar aos nossos dias alguns quilómetros quadrados de Laurissilva praticamente intacta. Esta área em bom estado de conservação refere-se às regiões do Norte. Estas paisagens estão integradas no Parque Natural da Madeira como reservas integrais, o que pressupõe uma protecção absoluta dos sistemas naturais, sendo proibida a pastorícia.
Muitas das vertentes e vales da Madeira que foram outrora domínio da Laurissilva, estão actualmente ocupados por eucaliptos, acácias e pinheiros. O eucalipto (Eucaliptus globulus) e as espécies do género acácia têm características invasoras, o que constitui uma das ameaças aos sistemas naturais. A floresta madeirense tem particular interesse na condensação dos nevoeiros, na permeabilização dos solos e no combate à erosão, mantendo o equilíbrio biológico e biofísico.
Quando o fogo visita as nossas serras, as urzes desaparecem e com elas também o último vestígio da formação primitiva. Então a feiteira (Pteridum aquilinum) muito resistente ao fogo e pouco apreciadora da sombra das outras espécies, aproveita o ambiente favorável para se impor. No Paul da Serra, no Chão das Feiteiras, nos picos mais altos ou nas rochas do litoral, este feto cosmopolita aproveita a oportunidade para reduzir o espaço vital das espécies características dos diferentes ecossistemas.
É este o panorama referente aos espaços verdes, os quais estamos a explorar progressiva e inconscientemente. É de salientar que a manutenção do equilíbrio ecológico nunca será eficaz sem a colaboração e compreensão de todos. Urge portanto, uma boa educação ambiental, o que exige uma reflexão sobre a realidade que temos para podermos saber aquilo que queremos.
O problema ambiental tem sido tema de debate na Região e foram tomadas algumas posições políticas importantes como a mais recente, a elevação da Laurissilva à Património Mundial sob a égide da UNESCO, beneficiando a região em projectos financiados pela Comunidade Económica Europeia. Mas destas posições, uma das formas mais importantes é a sensibilização das populações mais jovens na defesa do nosso Ambiente – Património Biológico. Esta consciência ecológica lembra aos jovens que a degradação de um ambiente natural, o esgotamento dos recursos naturais não renováveis, o aniquilamento de espécies vegetais ou animais, põem em perigo a vida humana, a sobrevivência do Homem. Olhando estas realidades todos temos de saber lidar com a Natureza, estabelecendo relações profundas com o seu ambiente.

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