segunda-feira, 6 de abril de 2009

FLORA ENDÉMICA DA MADEIRA

O estudo dos endemismos do arquipélago madeirense, a sua origem, a sua génese, o seu elevado número, as suas relações com as floras de outras ilhas mais ou menos próximas, de outras regiões ou continentes, constitui um trabalho de muito valor cientifico que tem vindo a preocupar muitos investigadores desde à muito tempo ( entre os quais Darwin, Braun-Blanquet, C. N. Tavares,...etc.

Origem.
As análises de fósseis do Sudoeste de França revelam a existência de árvores, nomeadamente de Laurus primigenia e Persea typica, afins aos nossos actuais Loureiro (Laurus azorica) e vinhático (Persea indica) que datam do Oligocénico (38 milhões de anos). Tudo indica que durante o Miocénico (23 milhões de anos), comunidades vegetais da família Lauráceas com aspectos semelhantes à flora que actualmente persiste nas Ilhas Atlânticas (em especial a Ilha da Madeira) continuavam a ocupar a Europa Ocidental. Esta flora terá desaparecido da Europa Ocidental durante o Quarternário (Plistocénico – 1,8 milhões de anos), devido ao considerável arrefecimento climático que acompanhou as sucessivas glaciações. Simultaneamente iniciou-se a desertificação do Saara, impedindo o estabelecimento, dessa flora com características subtropicais, no Norte de África.
A Madeira apresentando um clima propício e estável, favoreceu o estabelecimento de uma parte considerável desta flora.


Macaronésia
A Madeira pertence à região Macaronésia, termo introduzido pelo botânico Philips Barker Webb no século passado, para caracterizar ilhas com afinidades biogeográficas: Açores, Madeira, Selvagens, Canárias e Cabo Verde.
Outros investigadores, consideram pertencer a este domínio biogeográfico, para além destas ilhas, a costa Atlântica de Marrocos e o sudoeste da Península Ibérica. Em Portugal foram feitas descobertas botânicas, particularmente nas falésias da Serra da Arrábida, que alargam este domínio ao Continente Português.

Factores que explicam a sua permanência:


q Localização geográfica:

Ø A Madeira devido a sua posição geográfica apresenta um clima mais favorável e estável em relação ao norte de África e a Europa.

q Características geomorfológicas:

Ø Origem vulcânica, geomorfologia particular (profundos vales com predomínio da direcção Norte – Sul)

q Características climáticas:

· Temperatura

Por ser uma ilha de origem vulcânica, existem rochas, que funcionam como um “forno” concentrando o calor. Durante o dia, as rochas concentram o calor do sol e durante a noite irradiam este mesmo calor para o ambiente, a tal ponto, que é muito pouca a diferença de temperatura entre o dia e a noite.

· Humidade

Os ventos alísios, correndo de norte para sul criam uma abundância de nevoeiros húmidos que provocam a precipitação, dando origem a uma temperatura ambiente propícia ao crescimento e fazendo surgir as águas necessárias a toda a espécie de vida.
Estes factores combinados permitem a existência de habitats propícios ao desenvolvimento de endemismos.

FLORA INDÍGENA DA MADEIRA


A floresta Laurissilva da Madeira foi reconhecida como Património Mundial Natural pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO). Uma consagração internacional que vem premiar um esforço de conservação desenvolvido ao longo dos últimos anos e que abre portas para novas candidaturas da Região. Em Marraquexe (Marrocos), a UNESCO incluiu a Laurissilva no restrito lote de “sítios” a proteger e que constituem o espólio da humanidade. Pela primeira vez, Portugal incluiu um local no património natural, uma classificação ainda mais rara do que o património cultural.

In, Revista do D.Notícias – Madeira de 5 a 11/12/99


A flora indígena madeirense constitui um dos maiores atractivos da ilha, atendendo ao seu interesse científico e económico.
A floresta originária da Madeira, a Laurissilva, é considerada uma relíquia viva, com origem na era Terciária (há indícios que durante o Miocénico – 23,3M.a., comunidades vegetais caracterizadas pela presença de Lauráceas, continuavam a ocupar a Europa Ocidental, com aspectos semelhantes à flora que actualmente persiste nas ilhas Atlânticas e em especial na ilha da Madeira). Esta flora terá desa-parecido da Europa durante o Quaternário (Plistocénico – 1,64 M.a.) devido ao considerável arrefecimento climático que acompanhou as sucessivas glaciações. Simultâneamente inicia-se a desertificação do Saara, impedindo o desenvolvimento dessa flora com características subtropicais, no norte de África. Terá sido na Madeira, ilha que apresenta um clima favorável e estável, que se estabeleceu uma parte considerável da outrora flora Terciária da Europa.
Aparece conservada nos arquipélagos que constituem a Macaronésia do qual fazem parte para além do nosso, os arquipélagos dos Açores, Canárias e Cabo Verde. A totalidade da área desta floresta na Madeira (15 000 hectares), dada a sua importância científica e o seu estado de conservação, foi incluída em 1992 na Rede Europeia de Reservas Biogenéticas (áreas protegidas onde ocorrem ecossistemas, biótopos e espécimes únicos, raros ou ameaçados de uma dada região), sob a égide do Conselho da Europa e muito recentemente foi classificada como Património Mundial Natural sob a égide da UNESCO.
Na ilha da Madeira segundo os investigadores podem defenir-se várias zonas ou andares de vegetação (andares fitoclimáticos), embora a altitude correspondente a cada andar de vegetação tenha uma equivalente ligeiramente superior na encosta virada a Norte, atendendo ao clima ser mais frio e húmido. Pode inclusive ocorrer a mistura de plantas dos vários andares contíguos.

Assim, a Flora Indígena actual está distribuída em altitude do seguinte modo:

1º ANDAR – VEGETAÇÃO COSTEIRA, junto ao mar e até uns 300 metros de altitude na costa Sul, o clima e o ar é mais quente e seco e apenas aos 100 m no Norte, temos uma vegetação de características xerofíticas de porte predominantemente rasteiro, adaptadas a habitats com pouca água disponível, temperaturas elevadas, forte insolação e ventos fortes com maresia, onde os arbustos raramente atingem mais de um metro.
O Dragoeiro (Dracaena draco) deveria dominar. É uma árvore endémica dos Arquipélagos da Macarronésia, sendo actualmente extremamente rara na ilha da Madeira.
No habitat natural apenas existem dois espécimes na Rª Brava na vertente a E da Escola Básica e Secundária Padre Manuel Álvares, e um núcleo no sítio das Neves, em S. Gonçalo. De entre os arbustos destacam-se o Perrixil ou Funcho marinho (Crithmum maritimum L.), tem por habitat as falésias basálticas do litoral onde o calor é intensivo e a humidade é escassa. Raramente ultrapassa os 100 m de altitude. A sua floração ocorre entre Julho e Setembro; o Funcho (Foeniculum vulgare) e a Figueira do Inferno (Eufhorbia piscatoria) são arbustos muito comuns nas falésias e terrenos do litoral até cerca de 300 m de altitude. Florescem em Abril e Maio; a Globulária ou Malfurada (Globularia salicina) é comum no litoral, nas arribas à beira mar. Floresce entre Abril e Setembro; a Oliveira brava (Olea europaea ssp maderensis).
O Goivo da Rocha, ou Cravo de Burro (Matthiola maderensis Lowe) vegeta os terrenos do litoral. As suas flores violáceas surgem entre os meses de Março e Agosto; a Múchia (Musschia aurea L. Fil. Dumort) é uma planta vivaz, está perfeitamente adaptada à secura extrema. As suas flores amarelo ouro surgem em Agosto e Setembro. Temos também o Massaroco (Echium nervosum).

2º ANDAR – VEGETAÇÃO DE TRANSIÇÃO, entre os 300 e 600 m, aproximadamente, num ambiente mais fresco e húmido temos o bosque de transição, onde prosperam o Barbusano (Apollonias barbujana), a Faia das Ilhas (Myrica faya); o Azevinho (Ilex canariensis) e a Murta (Myrtus communis).


3ºANDAR – LAURISSILVA, entre os 600 e os 1300 m, correspondente a uma área onde a humidade relativa é a mais elevada da ilha (superior a 85%), o maior valor de precipitação (mínimo 1700mm/ano) e frequência de nevoeiros, temos alguns núcleos de Laurissilva. Esta floresta é de uma grande diversidade florística, e é ao nível do estrato herbáceo inferior que se encontram a maior parte dos endemismos. Saliente-se a Orquídea da Serra (Dactylorhiza foliosa) que é uma espécie de orquídea muito rara; Os Gerânios (Geranium maderense e Geranium palmatum); a Estreleira (Argyranthemum pinnatifidium) e a Godiera da Madeira (Goodyera macrophyla Lowe), orquídea endémica. No estrato arbustivo desta floresta salienta-se a espécie endémica da Madeira – o Isoplexis (Isoplexis screptum).la sua excelente madeira.
A Laurissilva é importante no estabelecimento do equilíbrio ecológico insular, sendo o principal suporte da fauna e flora endémicas, assim como fundamental na formação e fixação de solos. Esta floresta é também conhecida como “produtora de água”, atendendo ao seu efeito nas precipitações verticais, assim como através de fenómenos locais de captação de nevoeiros, designados de precipitação horizontal ou oculta.

4º ANDAR – VEGETAÇÃO DE ALTITUDE, superior aos 1300 m temos a chamada vegetação de altitude, caracterizada por suportar um clima rigoroso, com grandes amplitudes térmicas e ventos intensos. O granizo chega a cobrir extensas áreas nos meses mais frios. Nas fissuras das rochas, com algum substrato, e fora do alcance do gado, desenvolve-se uma vegetação adaptada a estas condições do meio onde abundam um grande número de endemismos. As espécies mais características são: Urze madeirense (Erica maderensis); Violeta da Madeira (Viola paradoxa); Arméria da Madeira (Armeria maderensis). Temos outras espécies endémicas como: Antlídea da Madeira (Anthylis lemanniana); o Massaroco (Echium candicans L.); (Festuca albida); uma gramínea com utilidade forrageira e com capaci-dade para ser utilizada no melhoramento de prados; Orquídea das Rochas (Orchis scopulo-rum).
No estrato arbóreo encontra-se a Urze Molar (Erica arborea L.); a Urze Durázia ou Urze das Vassouras (Erica scoparia L.); o Cedro da Madeira (Juniperus cedrus); a Sorveira (Sorbus maderensis); o Teixo (Taxus baccata L.).

É importante não esquecer a componente vegetal formada por plantas mais pequenas (fetos, musgos, hepáticas e algas) e líquenes, os quais de menores dimensões não são menos importantes que as supracitadas, e que contribuem para o equilíbrio destas comunidades.
Relativamente aos musgos e aos líquenes, muitas espécies são pioneiras de determinados habitats, inóspitos para outros tipos de vegetais, apresentando assim uma função relevante no que respeita ao criar de condições que venham a permitir a colonização à posteriori por parte de outros seres vivos, nomeadamente plantas vasculares.

Legislação

A importância desta biodiversidade é reconhecida em termos nacionais, pela criação do Parque Natural da Madeira e diversas Reservas Naturais, e internacionalmente pela legislação comunitária, Directiva 92/43/CEE do Conselho, de 21/5/92, e a integração de alguns habitats na rede Natura 2000.

Medidas de conservação de que beneficia as espécies:

Decreto Legislativo Regional nº 21/89/M. A sua área de ocorrência integra-se no Parque Natural da Madeira, num sítio da Rede Natura 2000 (PTMAD0001), numa área que é Património Mundial pela Unesco.

Bibliografia

JARDIM, Roberto; FRANCISCO, David; Flora Endémica da Madeira; 1ª edição; Muchia Publicações, Out. 2000

FERNANDES, Francisco; e outros; Alguns Aspectos da Flora do Arquipélago da Madeira; Jardim Botânico da Madeira, 30 de Abril, 1997

VIEIRA, Rui; Flora Endémica da Madeira - O Interesse das Plantas Endémicas Macaronésicas; vol. 11;SNPRCN, Funchal, 1992
R
De Reduzir de Reutilizar e de Reciclar

REDUZIR

Reduzir os resíduos é o princípio da resolução dos nossos problemas ambientais que estão relacionados com os lixos domésticos e não só.
Começamos por produzir menos lixo se consumirmos com mais moderação.
Depois, é preciso usar a imaginação e encontrar para o lixo, ou uma boa parte dele, funções mais interessantes do que acabar num balde á porta de casa.
Mas isso é conversa para o Reutilizar, um pouco mais para a frente.
Reduzir o lixo é também “incentivar” os produtores de bens de consumo a utilizarem embalagens menos volumosas e que utilizem menos material e sempre reciclável. Mas esta é conversa para, já a seguir, quando falarmos de Reciclar.

REUTILIZAR

O termo reutilizar é conhecido no nosso país há muitos anos. Veja-se o exemplo das embalagens de vidro que transportam até às nossas mesas a água mineral, o vinho e a cerveja.
Até há pouco tempo não fazia sentido ir comprar uma garrafa de água ou um garrafão de vinho sem levar o “vasilhame” para a troca.
Depois perdeu-se esse “princípio” mas, felizmente, reencontrou-se.
As vantagens são muitas! Poupam-me matérias-primas e poupa-se dinheiro ao consumidor que tem de pagar menos para obter os mesmos produtos.
As condições de extrema higiene com que, hoje em dia, se dá o embalamento dos produtos permite encarar a reutilização como uma das medidas ecológicas mais importantes.

RECICLAR

É transformar materiais considerados inúteis em materiais que as indústrias podem reaproveitar, o que faz diminuir os resíduos e poupar recursos energéticos e naturais.
Lá em casa podemos ajudar os serviços municipalizados a cumprirem a enorme tarefa de colocar o lixo no “caminho” da reciclagem, separando os diversos tipos de lixo, em especial o que se destina a operações de reciclagem.
Podemos separar o papel e colocá-lo amarrado, à parte. Separamos as garrafas e tudo quanto é objecto de vidro e colocámo-lo no “vidrão” mais próximo.
Separamos pilhas e os metais e, mesmo que não exista um contentor “especializado” neste tipo de produtos, por perto, podemos guardá-los em local seguro e procurar informações junto dos serviços municipalizados sobre o melhor caminho a dar-lhes. Os serviços municipalizados da maior parte do país possuem já locais de recepção desse tipo de resíduos – os ecopontos.

ECOCENTROS

Ecocentros são parques amplos com caixas/contentores de grandes dimensões, destinados a receber e a armazenar, separadamente, os diversos tipos de resíduos para posterior tratamento de reciclagem.
Os ecocentros são locais vedados, sendo a colocação dos materiais, nestes recintos, uma forma mais higiénica do que o seu abandono em vazadouros. Funcionam como centro de selecção de resíduos, visando a sua recuperação e reciclagem. Mas, para isso, é necessário que haja uma entrega por parte dos munícipes e entidades produtoras de razoável dimensão.

ECOPONTOS

Ecopontos são contentores específicos de deposição de materiais, colocados em lugares públicos – escolas, parques, piscinas, complexos desportivos, mercados, feiras e outros locais de grande produção de resíduos.
Os ecopontos são constituídos por contentores diferenciados em função do tipo de material a depositar e poderão surgir sob a forma de recipientes individualizados, ou então, sob a forma de um único contentor com funções múltiplas. Este equipamento foi concebido com o objectivo de aí se depositar selectivamente os materiais a reciclar, como vidro, latas e outros metais, papel, cartão e plásticos. Também aqui precisamos da tua ajuda: deposita estes materiais no teu ECOPONTO mais próximo, em vez de o misturares no teu habitual saco, sem qualquer preocupação. Sensibiliza os teus colegas para fazerem o mesmo.
Em todas as escolas vai haver um ecoponto: é nas escolas que começa a educação para a vida em comunidade.

REMOÇÃO SELECTIVA

Vamos recorrer aqui, também, a um texto extraído de um folheto de divulgação da Lipor, a empresa criada por Câmaras Municipais da Zona Grande Porto e que nos explica o que é a remoção selectiva.

Remoção selectiva é a separação do lixo, em tua casa, para recipientes próprios que te vão ser distribuídos: sacos de plástico ou contentores e cestos de pequena capacidade. Poderás, assim, ajudar-nos a separar e recuperar os resíduos aproveitáveis dos inúteis. Vais ver que não custa nada e pode trazer muitos benefícios.

Texto extraído do manual de:
Ciências Naturais, 7º Ano, (pág. 270-272), Porto Editora
PROTECÇÃO DOS ECOSSISTEMAS NATURAIS

TU E O AMBIENTE

Protege o Ambiente. Hoje ele é teu, dos teus vizinhos e irmãos, como será amanhã dos teus filhos e netos. Procura ser civilizado nas tuas relações com o próximo evitando-lhe todo o incómodo dispensável.

Para tanto:

Ø Estimarás os lugares públicos – ruas, praças, jardins, praias, matas – como se fossem teus;
Ø Evitarás todo o ruído que possa molestar os outros;
Ø Renunciarás a todas as actividades que possam poluir a atmosfera, desde o queimar detritos ao fumar em recintos fechados, locais de trabalho e transportes colectivos;
Ø Cuidarás de não deixar assinalada a tua presença ou passagem com qualquer marca ou detrito desagradável;
Ø Defenderás como um bem precioso a pureza das águas dos mares, rios, lagoas e albufeiras e procurarás que nem uma gota de orvalho se perca;
Ø Protegerás os espaços verdes como se eles fossem os teus pulmões;
Ø Favorecerás a plantação de árvores e deixarás que os pássaros se acolham nelas para te dizerem, todos os dias, que a vida é bela se for vivida em liberdade;
Ø Promoverás com o teu exemplo o culto da Natureza andando, correndo, ou simplesmente respirando onde a possas sentir bem viva;
Ø Farás com que os teus vizinhos, irmãos e filhos se juntem a ti para cumprirem, para bem de todos, este Código de boa conduta ambiental.»

Texto de: Correia da Cunha
Comissão Nacional do Ambiente
CURIOSIDADE ...

Águas duras

As águas ricas em bicarbonato de cálcio designam-se por águas duras.

Localização no território português

Estas águas no território português localizam-se nas zonas de Leiria, Alentejo e Algarve, ou seja onde ocorrem importantes maciços calcários.

A causa da existência de águas duras

A dissolução de maciços calcários, por acção das chuvas ácidas (calcite = Carbonato de cálcio), enriquece as águas em bicarbonato de cálcio tornando-as duras.
Doseamento de detergente aconselhável

Os detergentes, na presença destas águas, fazem pouca espuma. Na embalagem de um detergente de máquina, a dosagem aconselhada é a seguinte:


Tipo de água / Dosagem aconselhada (copo)
Macia / 3/4
Média / 1
Dura / 1+ 1/4

Razão do uso do anti-calcário

Quanto mais dura for a água, maior é a dosagem. Nas zonas calcárias, as águas são mais duras; a utilização de um anti-calcário evita a precipitação de carbonato de cálcio no tambor, em consequência da variação da temperatura no interior da máquina.
Prof. Sílvio Jesus

Recurso naturais

A água

A água é dos principais componentes dos sistemas vivos, o líquido mais comum da biosfera e o recurso mais precioso.

As características climáticas da ilha da Madeira são influenciadas de forma marcada ou mesmo definidas pelo relevo vigoroso e pela orientação E-W da ilha. A orientação da ilha e o seu relevo intersectam as massas de ar marítimo que se deslocam no oceano Atlântico, no sentido NW-SE, o que origina intensa precipitação nas zonas mais elevadas da ilha e em todo o Norte. Nas encostas Sul e nas baixas altitudes, as precipitações são muito menores. Assim, verifica-se que em toda a costa Norte e nas zonas altas da ilha, as precipitações são intensas e distribuem-se por quase todo o ano com diminuição significativa apenas nos meses de Julho, Agosto e Setembro em que há menor precipitação e menos dias de chuva; na costa Sul passam –se quase seis meses sem precipitação.
A separação entre os dois pólos de precipitações mais elevadas faz-se ao longo dos vales da Ribeira Brava e de São Vicente onde a altitude máxima é de cerca de 1000 metros na Encumeada, que corresponde à divisória entre os dois vales.
Do ponto de vista hidrológico, podemos afirmar que a existência de maiores ou menores recursos hídricos subterrâneos depende das características geológicas e geomorfológicas.
As escoadas constituem os níveis preferenciais de infiltração e circulação subterrânea. Os filões funcionam como zona drenante, em particular quando atravessam os piroclastos. Estes têm comportamento bastante diversificado e dependem das características granulométricas. Os cineritos constituem um nível impermeável e, consequentemente, dão lugar ao aparecimento de nascentes que surgem nas suas mais variadas cotas, em locais topograficamente favoráveis.
As nascentes situam-se a altitudes bastantes diferentes e, nalguns casos, quando as águas não são devidamente aproveitadas, voltam a infiltrar-se sempre que atravessam níveis de escoadas, contribuindo para aumentar os caudais de nascentes a cotas inferiores. São particularmente caudalosas as nascentes situadas a cotas de cerca de 100 metros, como por exemplo as do Risco e das Vinte e Cinco Fontes no Rabaçal.
Os piroclastos mais grosseiros comportam-se como aquitardos, constituindo armazenamento significativo cujo aproveitamento se faz recorrendo a galerias que são produtivas sempre que intersectam níveis de escoadas intercaladas nos piroclastos ou filões que o atravessam.
As águas da ilha da Madeira são quase sempre pouco mineralizadas, com condutibilidade geralmente inferiores a 300 u/s (micra por segundo) e quimicamente distribuem-se entre o tipo bicarbonatado sódico e cloretado sódico. Até aos 700 e acima dos 1300 metros predominam as águas cloretadas, respectivamente por efeito do mar e dos nevoeiros, enquanto nas altitudes compreendidas entre estes valores predominam as águas bicarbonatadas (ALMEIDA e tal. 1984). As composições são muito idênticas às águas de Luso e de Caramulo, podendo ser usadas como águas de mesa se forem bacteriologicamente puras.
O pH é geralmente superior a 7 até aos 1000 metros e bastante inferior nas nascentes situadas acima daquela cota.
A temperatura mostra uma acentuada correlação com a altitude verificando-se um decréscimo de cerca de 1º C por cada 200 metros de aumento de cota.
O aproveitamento dos recursos hídricos da ilha da Madeira foi iniciado no séc. XV, algumas décadas após a colonização da ilha, criando o sistema de “levadas”. Estas, permitem captar as águas das nascentes e algumas superfícies e conduzi-las ao longo das curvas de nível até onde são necessárias às culturas. As águas assim captadas destinam-se quase exclusivamente à irrigação de culturas situadas na costa Sul, onde o clima é mais seco.
Actualmente se está desenvolvendo um plano global que visa o aproveitamento múltiplo dos recursos hídricos na produção de energia eléctrica, no regadio e no abastecimento público.
É na concretização deste Plano que foram construídas as centrais hidroeléctricas actualmente existentes e outras recentemente projectadas.
O desenvolvimento turístico levou a dificuldades no abastecimento público sendo as necessidades superadas à custa da água de regadio.
É neste contexto que se desenvolveram projectos de captação através de furos e se avança na construção de novas galerias.

Ribeira Brava

A povoação encontra-se situada no grande vale de erosão que se desenvolve até S. Vicente na costa Norte com a divisória situada na Encumeada a 1000 metros de altitude.
Do ponto de vista geomorfológico, o vale da Ribeira Brava – S. Vicente faz a divisão da ilha em zona planáltica a Oeste e zonas dos picos a Este.
O abastecimento de água é feito a partir de dois furos executados na margem do vale, a um profundidade de 30 a 60 metros tendo produtividades de 5 l/s, captados em níveis basálticos. Utiliza-se ainda uma galeria de dimensões restritas situada no Espigão que fornece um caudal de 12l/s.
A levada do Norte que circula a cerca de 1000 metros de altitude, foi construída entre 1947 e 1952, vai buscar a sua origem à Ribeira do Portal da Burra, nos cabeços da Ribeira do Seixal, a mil metros de altitude, numa extensão de 51.245 metros a céus descoberto e 9 322 subterrâneos, sendo acrescida duma rede secundária de regadio com 70 000 metros, dos quais 11 000 são para irrigação de S. Vicente e 59 000 para a irrigação da Ribeira Brava, Campanário, Quinta Grande, Estreito e Câmara de Lobos. Este ambicioso projecto para além de aumentar a agricultura nas referidas freguesias da costa Sul da ilha da Madeira, vai abastecer uma importante Central Hidroelétrica da Serra de Água.
Esta obra foi inaugurada no sítio do Espigão, da freguesia da Ribeira Brava no primeiro de Julho de 1952, numa cerimónia oficial conhecida pela Festa da Água. No seu terminal a levada trazia desde a fonte do Hortelão, na freguesia do Seixal um caudal de cerca de 500 litros por segundo. Uma outra levada importante é a levada do Moiro: com origem na Ribeira do Folhadal, Pináculo e Monte Trigo, a 1450 metros de altitude, tem uma extensão de 10 Km, servindo para irrigação de S. Vicente, Ribeira Brava e Tábua. Atendendo ao crescimento de habitações na Ribeira Brava, o consumo de água aumentou significativamente e, por isso, construiu-se recentemente reservatórios de água para abastecimento das populações da zona alta e da vila.


Bibliografia:

Carvalho, A.M. G.; Brandão, J.M. (1991) “Geologia do Arquipélago da Madeira”. 1ª edição. Museu Nacional de História Natural.

Duarte S & Silva M. (1987) “Hidrogeologia das Rochas Vulcânicas” DGSB (Divisão de Hidrogeologia Aplicada), Funchal, 8-17 Setembro

“A Levada do Norte” in D.N. Madeira, 5 de Junho de 1991

Fotos: Prof. Sílvio Jesus




quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Reforço Populacional do Dragoeiro (Draceana draco subsp. draco) na população natural existente na Rª Brava

No sentido de promover a educação ambiental junto dos jovens, no passado dia 13 de Fevereiro teve lugar uma acção de carácter ambiental na Rª Brava, feita por técnicos do Jardim Botânico da Madeira, juntamente com os alunos do 10º Ano, Turma B, na disciplina de Biologia e Geologia, da Escola Básica e Secundária Padre Manuel Álvares. Foram plantados 9 dragoeiros na vertente Este do vale da Ribeira Brava, onde se encontram três espécimes no seu habitat natural, e um, no jardim da Câmara Municipal.
O Jardim Botânico da Madeira desenvolveu esta acção de reforço populacional pelo facto de ter plantas obtidas por semente provenientes destes espécimes naturais. Para que os presentes ficassem a saber mais sobre esta planta, foi dada informação aos presentes, pelos técnicos do Jardim Botânico.

«O dragoeiro (Draceana draco subesp. draco) é uma árvore endémica da Macaronésia * da família das agaváceas que pode atingir 15m de altura.

Na Madeira o dragoeiro é muito raro na natureza, existindo apenas 3 espécimes na vertente Este do vale da Ribeira Brava. A regeneração natural da população é praticamente nula (existe 1 espécimen pequeno junto às plantas adultas que são 2), supostamente porque os animais (coelhos, ratos, aves) comem as sementes, ou porque o habitat natural está ocupado por espécies exóticas invasoras. Por outro lado, a frutificação ocorre com pouca frequência (a última ocorreu em 2003), sendo outro factor potenciador da raridade desta espécie na natureza. A conjugação destes factos podem conduzir à sua extinção no arquipélago da Madeira, sendo por isso imprescindível a tomada de medidas de conservação adequadas.

Neste sentido, esta popu-lação tem sido alvo de acções de conservação ex situ e in situ por parte do Jardim Botânico da Madeira. As acções ex situ envolvem colheita de sementes, conservação em Banco de Sementes e propagação seminal em viveiro. (…)”

(…) Este tipo de acção tem como objectivo final o estabelecimento de uma população natural estável e que se auto-perpetue a longo prazo. (…)

(…) Foram colhidas sementes da população existente na natureza em 2003 e feito sementeira ex situ. Neste momento, o Jardim Botânico da Madeira possui 10 plantas com 6 anos de duração.(…)

(…) Os terrenos onde ocorre a população natural bem como a acção de reforço são privados. Neste sentido foi contactado um dos proprietários, o qual concordou com a acção. (…)

(…) O sucesso da acção requer a elaboração de um plano de monitorização a
médio e a longo prazo. Neste sentido é necessário considerar o seguinte:

- monitorizar a eventual acção de roedores no estabelecimento de novas plantas;

- controlar crescimento de eventuais espécies invasoras;

- continuar a monitorização das plantas adultas de modo a obter mais sementes e plantas para expandir a área intervencionada através de mais acções de reforço. »


Fonte: Documento entregue aos presentes, Jardim Botânico da Madeira


No final da acção, foi visível a satisfação de todos os presentes, pelo facto de terem contribuído para o enriquecimento, do património biológico da Rª Brava e da Região Autónoma da Madeira.

* Macaronésia - Arquipélagos do qual fazem parte: Madeira, Açores, Canárias e Cabo Verde

Prof. Sílvio Jesus

Meiose - Fonte de variabilidade genética

Meiose - Fonte de variabilidade genética

Em termos evolutivos, a reprodução sexuada representa a capacidade que os seres conquistaram para produzir diversidade genética. Contribuem para esta diversidade genética, por um lado, os processos que ocorrem durante a produção de células haplóides (n) e por outro lado, os processos associados à fecundação, que permitem a produção de novos indivíduos diplóides (2n). O facto de cada espécie ter um número constante de cromossomas implica que, em qualquer ciclo de vida com reprodução sexuada, seja indispensável a existência de um processo celular compensatório da fecundação, durante o qual o número de cromossomas se reduza para metade. Esse processo, que permite a manutenção do número de cromossomas em qualquer ciclo de vida, é a meiose. (ver vídeo)As células do organismo “soma” (2n=46) sofrem mitoses sucessivas por forma a substituírem as células velhas que terminaram o seu tempo de vida. A produção de gâmetas (gametogénese) ocorre somente em células especializadas (linha germinativa). Os gâmetas são células reprodutoras haplóides (n) isto é, contêm metade do número de cromossomas, porém têm origem nas células diplóides (2n) da linhagem germinativa. Por exemplo, na espécie humana a constituição cromossómica (cariótipo) é de 46 cromossomas: 44 autossomas + XX ou XY, isto é, pares de cromossomas, materno e paterno. As células diplóides (2n=46) que se encontram nos órgãos reprodutores (esporófitos nas plantas e gónadas nos animais), sofrem duas divisões consecutivas (uma reducional e outra equacional) por forma a obterem células com metade do número de cromossomas da espécie (células haplóides n=23 - gâmetas ou células reprodutoras).

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Água - Fonte de vida

A vida neste planeta começou na água e hoje onde quer que haja água, quase sempre há vida. Existem organismos unicelulares que passam a existência inteira apenas com a água que possa aderir a um grão de areia. Algumas espécies de algas são encontradas somente na superfície inferior fundente do gelo polar. Algumas espécies de bactérias e de algas azuis podem resistir à água quase fervente de fontes termais. No deserto, há plantas que percorrem um ciclo de vida inteiro – semente, flor, semente – logo depois da queda de chuva. Na floresta tropical, a água colectada nas folhas de uma planta forma um microcosmos no qual pequenos organismos nascem, crescem, reproduzem-se e morrem.
Três quartos da superfície da Terra estão cobertos por água. A água constitui 50 a 95 por cento do peso de qualquer ser vivo em actividade. Comparada com outros líquidos, a água é bastante extraordinária. Não fora isso, é bem provável que a vida nunca tivesse existido.
A fim de compreender por que a água é tão extraordinária e como desempenha seu papel único e essencial nos seres vivos, teremos que considerar a estrutura da sua molécula. Cada molécula de água é constituída por dois átomos de hidrogénio e um átomo de oxigénio, unidos por ligações covalentes (ligações formadas pela partilha de um par de electrões). A molécula da água, como um todo, é neutra quanto à carga eléctrica, com igual número de protões e de electrões. Moléculas como a água, possuidoras de zonas negativas e de zonas positivas, são chamadas polares, em analogia com o “ímã”, que tem um pólo positivo e um negativo.
Quando um átomo de hidrogénio, com carga positiva, pertencente a uma molécula de água, se justapõe a um átomo do dotado de carga negativa suficientemente forte, como o átomo de oxigénio de outra molécula de água, a força de atracção forma uma ligação entre eles, ligação conhecida por ponte de hidrogénio. Trata-se de uma ligação relativamente fraca, que prende um átomo de hidrogénio covalente ligado a outro átomo, geralmente oxigénio ou nitrogénio, ao oxigénio ou nitrogénio de outra molécula. Na água, pontes de hidrogénio formam-se entre as partes negativas de uma molécula e água e as partes positivas de outra. Uma molécula de água pode, portanto, estabelecer pontes de hidrogénio com quatro outras. A água líquida é constituída de moléculas ligadas dessa forma. Uma ponte de hidrogénio individual tem duração muitíssimo curta. Tomadas em conjunto, as pontes de hidrogénio têm força considerável e tornam a água fluida e estável, em condições comuns de temperatura e pressão. Na água que goteja de uma torneira, cada gota adere á borda e, por um momento, fica pendurada por um fio de água. Em seguida, assim que o peso da gota parte o filamento, a superfície da mesma fica retesada e inclui a esfera inteira durante a queda. Um material leve à superfície da água, flutua, embora seja mais denso. Durante a primavera, ou no Verão, insectos andam sobre a superfície de uma lagoa, como se fosse sólida. Estes fenómenos resultam da tensão superficial. A tensão superficial resulta da coesão das moléculas da água. O único líquido com maior tensão superficial maior do que a da água é o mercúrio. Os átomos do mercúrio atraem-se tão fortemente que não aderem a qualquer outra coisa. Por causa das suas cargas negativas e positivas, a água adere fortemente a qualquer molécula carregada e a superfícies carregadas. A capacidade de molhar, isto é, a capacidade de revestir uma superfície, depende da sua capacidade de aderir.
É por capilaridade que a água sobe em tubos de diâmetro muito fino, através de um pedaço de papel e pelos microporos do solo, modo pelo qual se torna acessível às raízes das plantas.
A embebição “beber” é o movimento de moléculas de água para dentro de materiais, como a madeira ou a gelatina, que incham ou aumentam de volume por causa da interacção entre eles e as moléculas da água. As sementes embebem-se de água ao germinar e podem atingir volume muitas vezes maior que o original.
A quantidade de calor necessária para que, em certa quantidade de substância, ocorra um determinado aumento de temperatura chama-se calor específico dessa substância. Uma caloria é, por definição, a quantidade de calor que aumentará de 1ºC a temperatura de 1 g (1 ml) de água. O calor específico da água é cerca de duas vezes maior que o calor específico do álcool ou do óleo. É também quatro vezes maior que o calor específico do ar ou do alumínio e nove vezes maior que o do ferro. Para aumentar a temperatura da água é necessário introduzir mais energia do que a requerida, para o mesmo efeito, em outras substâncias. O alto calor específico da água é também consequência das pontes de hidrogénio, assim como o são sua tensão superficial e sua coesão. O calor é uma forma de energia, a energia cinética, ou de movimento , de moléculas. Para que a energia cinética das moléculas da água aumente o bastante para elevar um 1ºC de temperatura, é necessário romper muitas pontes de hidrogénio, que prendem as moléculas às outras. Se colocarmos uma panela de água sobre a chama, mais tempo e portanto mais energia são necessários para esquentar a água do que para esquentar a panela. A razão disso é que a maior parte da energia introduzida na água é gasta em quebrar as pontes de hidrogénio e só resta parte relativamente pequena para aumentar o movimento molecular.
Qual o significado biológico de um alto calor específico? O significado é que, para uma certa velocidade de introdução de energia, a temperatura da água subirá muito mais lentamente que a de quase qualquer outro material. Inversamente, a temperatura cairá mais devagar durante a libertação de calor. Por ser tão grande a quantidade de calor, ganha ou perdida, necessária para elevar ou baixar a temperatura da água, os organismos que habitam os oceanos vivem em ambiente de temperatura mais ou menos constante. Do mesmo modo, por causa do seu alto teor de água, é mais fácil para as plantas e animais terrestres manterem temperatura interna relativamente constante. A importância disso está no facto das reacções biológicas, ocorrerem somente num determinado valor de temperatura.
As pontes de hidrogénio são também responsáveis pelo alto calor de vaporização da água (são necessários 500 calorias para transformar 1g de água líquida em vapor, cinco vezes mais do que para o éter). A vaporização acontece porque as moléculas mais rápidas de um líquido escapam da superfície para o ar. Para que uma molécula de água se desprenda de suas companheiras, isto é, para que se vaporize, as pontes de hidrogénio têm de ser quebradas. Isso requer energia calorífica. Quando a água se evapora, como da superfície da nossa pele ou de uma folha, absorve grande quantidade de calor das redondezas. Assim, a evaporação tem um efeito resfriador. A evaporação a partir da superfície de um animal ou de uma planta terrestre é um dos principais meios desses organismos descarregarem excesso de calor.
Nos sistemas vivos há muitas substâncias em solução. A polaridade das moléculas da água é o factor responsável pela eficácia da água como solvente. As moléculas carregadas da água tendem a separar em seus iões constituintes, moléculas como a do cloreto de sódio. As moléculas da água aglomeram-se à volta dos iões e separam-no. Muitas das pequenas moléculas, importantes nos sistemas vivos, possuem igualmente áreas de carga negativa e positiva e também atraem moléculas da água. Por causa da tendência que a água tem de dissolver outras moléculas e de se aglomerar em volta delas, virtualmente todas as reacções químicas da célula ocorrem em água. Além disso, as moléculas da água participam directamente em muitas dessas reacções.
Na água líquida há ligeira tendência de um átomo de hidrogénio saltar do átomo de oxigénio com o qual está covalente ligado para o átomo de oxigénio com o qual forma ponte de hidrogénio. Nesta reacção formam-se dois iões: o ião hidrónio (H3O+) e o ião hidroxilo (OH). Em qualquer volume de água pura há um número pequeno mas constante de moléculas ionizadas dessa forma. O número é constante porque a tendência da água a ionizar-se é compensada exactamente pela tendência dos iões a reunir-se; assim, ao mesmo tempo que algumas moléculas se ionizam, um número igual de outras formam-se.
Na água pura, o número de iões H+ é exactamente igual ao número de iões OH-. Uma solução adquire as propriedades de um ácido quando o número de iões hidrogénio excede o de iões OH-; inversamente, uma solução é alcalina (básica) quando os iões OH- excedem os iões H+.

Prof. Sílvio Jesus

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Geologia da ilha da Madeira


Aspectos Geológicos da ilha da Madeira


O arquipélago da Madeira, que compreende as ilhas da Madeira, de Porto Santo, Selvagens e Desertas, é de origem vulcânica e localiza-se no oceano Atlântico. A maioria das ilhas atlânticas e o Arquipélago da Madeira em particular, está intimamente ligado à abertura do Atlântico, processo que se iniciou há cerca de 200 M.a., no Triásico, e continua actualmente.
O grupo formado pela Madeira - Desertas e Porto Santo teve origem numa “Pluma” quente, de longa duração, originada a partir no Manto Superior (Mata,J.; Munhá, J.;Macrae, N.D, (1990). Este tipo de vulcanismo é localizado no interior da placa litosférica, no nosso caso, na Placa Africana. O ponto quente é uma estrutura fixa que emite episodicamente material vulcânico, perfurando a placa ao mesmo tempo que esta se desloca no sentido WE, resultando o grupo de ilhas do arquipélago.
A evolução geomorfológica da Madeira e a sua configuração actual (730 Km2 de área, com um comprimento de 63 Km2 por 23 de largura máxima), são consequência da forma, da estrutura e da idade do edifício vulcânico que lhe deu origem, da natureza dos materiais e dos agentes erosivos externos, próprios da situação geográfica.
A ilha divide-se em dois grandes maciços: o Maciço Vulcânico Central, que ocupa a região central da ilha, trata-se de um aparelho complexo onde predominam material de origem explosiva (grandes blocos, lapilli “areão”, cinzas, etc…, em disposição caótica proveniente de diversos centros de erupção, hoje ocultos e irreconhecíveis. Este Maciço é atravessado por uma rede densa de filões, na maioria básicos e alguns traquíticos orientados em todas as direcções, havendo, na opinião de ZBYZEWSKI (1995), certa convergência para a zona do Pico Ruivo (1860 m). Este pico com relevo vigoroso deve-se à resistência dos diques à erosão, em contraste com os materiais envolventes. A pouca coesão do material piroclástico permitiu o escavamento de profundos rasgões de erosão, constituindo a morfologia das principais ribeiras: Brava, Socorridos, Machico, S. Vicente, Porco (Boaventura) e Faial.
O Maciço Vulcânico do Paul da Serra corresponde a uma plataforma estrutural mantida por derrames basálticos, sub-horizontais ou levemente inclinados para SW. No conjunto distinguem-se alguns patamares, igualmente estruturais e inclinados no mesmo sentido, criados por derrames mais recentes (Nascimento, 1990).
Na ilha da Madeira, o Complexo Vulcânico de Base de idade miocénica formado por derrames submarinos e aéreos, que aflora na parte central da ilha, a favor de grandes rasgões de erosão existentes em relação com alguns vales profundos (S. Vicente, Boaventura, Socorridos), prolongando-se para leste pelos vales das ribeiras de Porto da Cruz e Machico e estendendo-se até à Ponta de S. Lourenço é constituído por acumulações piroclásticas de blocos, bombas, “lapilli” ou areão e cinzas, intercaladas com escoadas basálticas. O material vulcânico é essencialmente efusivo, constituindo lavas basálticas compactas. Estas lavas formaram escoadas relativamente pouco espessas, cobrindo uma topografia aplanada do complexo vulcânico que lhe serve de substrato. As primeiras escoadas deste complexo basáltico foram mais extensas segundo a mesma autora, ocupando a totalidade da superfície planáltica, chegando mesmo a descer ao longo dos vales então existentes, atingindo o mar. Estes episódios recentes, de emissão de lavas - Escoadas Modernas - estão confinados aos vales das ribeiras de S. Vicente, do Seixal e de Porto Moniz. Estas escoadas basálticas olivínicas correspondem ao último período de actividade vulcânica da Madeira (0,5 – 0,2 M.a.) durante a chamada época de Brunher (PORTUGAL FERREIRA, 1995). Correram em vales já profundamente encaixados em função do litoral actual, fossilizando-os. No vale de S. Vicente, a bancada de basalto foi entalhada pela erosão vertical das águas pluviais, , reconstituindo-se o leito então colmatado, pela escoada tendo assumido a configuração de um terraço.
Em torno da Madeira, formaram-se calcários recifais, posteriormente erodidos, sendo actualmente conhecido, na ilha, o afloramento de calcários recifais de S. Vicente. Posteriormente formações sedimentares foram fossilizadas por novas erupções de materiais eruptivos.
A ilha encontra-se recortada por muitos filões, sustentando linhas de cumeada vigorosas, podendo ser observados nos troços superiores da Rª Brava , no caminho para a Encumeada. A distribuição espacial dos filões é muito variada e de orientações muito diversa. Para ZBYSZEWSKI, a orientação mais frequente dos filões é WNW – ESSE a NW – SE, (coincidente com a direcção de alguns alinhamentos e cones vulcânicos), embora, de modo geral, a rede converge para os grandes aparelhos centrais da ilha.
A grande maioria das formações geológicas constituintes da ilha da Madeira são rochas vulcânicas extrusivas: rochas lávicas, efusivas, quer muito compactas, quer porosas e vacuolares resultantes de escoadas basálticas e espessuras variáveis, quer em função da duração dos episódios de actividade, quer relativamente ao centro de emissão. Têm inclinações diversas e são mais acentuadas à periferia da ilha. As escoadas basálticas apresentam-se, no geral, escoriáceas na parte superior. São frequentes os aspectos de disjunção prismática. São também comuns certas estruturas que GRABHAM (1948) designou por disjunção em lajes, resultante da separação das escoadas basálticas por juntas paralelas às “camadas” muito utilizadas no lageado, na construção de degraus, levadas, etc. Mais frequente são os aspectos de disjunção esferoidal ou em bolas, formada por camadas concêntricas de rocha alterada (à semelhança das capas de cebola), relacionada com fenómenos de alteração da rocha basáltica. Há um tipo de escória vulcânica, porosa (ou “faventa”), cinzenta, designada por “cantaria rija”, muito usada em cantaria das casas e edifícios onde outrora foi explorada na base da escarpa do Cabo Girão.
Entre as rochas piroclásticas, existe uma grande variedade de materiais, desde enormes blocos a cinzas muito finas, passando pelo termo intermédio como o chamado “feijoco”, em (MORAIS, 1939) e o “lapilli”, ou areão, de aspecto vesicular e esponjoso, sendo frequente as características bombas vulcânicas. Estes, muitas vezes de tonalidade escura, amarelada ou avermelhada, são usados na construção sob a designação de “pedra mole”. A “cantaria mole” é material piroclástico compactado, que pelas suas características refractárias que possui, é especialmente utilizada no fabrico de fornos.
O litoral da ilha relaciona-se com a plataforma submarina. Segundo alguns autores esta tem maior largura a Norte, face a que se situa a Sul, à semelhança do que acontece no Porto Santo. Este facto tem sido interpretado, como maior capacidade de abrasão no litoral virado a Norte e, consequentemente, mais rápido recuo das arribas, devido à constância de maior energia das vagas provocadas por ventos predominantes dos quadrantes que o afectam. Nestas circunstâncias as costas viradas a Norte são, no conjunto, mais abruptas, elevadas e contínuas, do que as voltadas a Sul.


Acontecimentos Geológicos
Porto Santo
Madeira
Início do vulcanismo
19 M.a. (?)
15 M.a (?) Miocénico
Fase de Transição
14-15 M.a.
Superior a 5,2 M.a. (?) 4,6 M.a.
Fim do Vulcanismo
10 M.a.
(0,5 -0,2) M.a.
Calcários
15 M.a.
5 M.a. (?)
Praias Levantadas
0,4 M.a.
----------------------------
Eolianitos (areias fósseis)
(0,22 – 0,13) M.a.
(0,22 – 0,13) M.a.
Depósitos de Vertente e de Fajãs, Aluviões, Praias recentes, Caliços

(0,1 – o) M. a.

(0,1 – 0) M.a.


(Baseado em informação publicada no livro “A Geologia do Arquipélago da Madeira”, pág.111; de A.M. Galopim de Carvalho & Jsé M. Brandão. 1ª edição, 1991. Museu Nacional de História Natural)


Bibliografia:

Carvalho, A.M. G.; Brandão, J.M. (1991) “Geologia do Arquipélago da Madeira”. 1ª edição. Museu Nacional de História Natural.

“Geopaisagens vs Património Geológico do Arquipélago da Madeira”, Produção Madeira Rochas – Divulgação Científicas e Culturais

Fotos: Prof. Sílvio Jesus

terça-feira, 20 de janeiro de 2009


A aprendizagem nas Ciências Naturais

“ todo o conhecimento perde significado se não
passa de quem o produz para quem o utiliza”

P. Hurd

Se a Ciência tem uma importância cada vez maior na vida de cada um, será de esperar que os alunos correspondam com um aumento de entusiasmo e de sucesso nesta área curricular das Ciências. O ensino actual das ciências privilegia a interacção entre currículos, teoria da educação e práticas na sala de aula. Em cada uma destas áreas a tónica deverá ser posta no aluno e no modo como ele aprende, para, a partir daí, formalizar estratégias e metodologias de ensino.
De acordo com o programa de Biologia e Geologia cerca de 40% dos tempos lectivos destinam-se à componente prática. No entanto, se atendermos às situações decorrentes de gestão pessoal do programa, na sua inserção local/regional, esse valor é muito maior. É função inequívoca das disciplinas de Ciências Naturais, Biologia e Geologia, promover a aplicação de uma metodologia de investigação (entendida no sentido de pesquisa e não de carácter meramente demonstrativo), que envolva a compreensão de factos, princípios e teorias, de modo a possibilitar a compreensão real das questões estudadas. É necessário que os intervenientes na educação se abram racionalmente à mudança e sintam a necessidade de refutar o modelo que têm de aprendizagem e substitui-lo pelo conhecimento novo, utilizando as novas tecnologias de informação disponíveis.



terça-feira, 13 de janeiro de 2009


Em termos locais, a nossa ilha necessita de especial atenção, sobretudo no que se refere a espaços verdes. A actividade humana desordenada que tem caracterizado a ocupação de solos, sobretudo na zona sul, conduziu à substituição da vegetação natural por espécies visando a construção agrícola e habitacional.
Em termos globais, na nossa ilha temos a relíquia de uma floresta que teria existido em grandes áreas no Terciário. A sua localização geográfica, numa posição periférica em relação aos glaciares que cobriam a Europa, nos períodos de arrefecimento do clima (glaciações da Era Quaternária), permitiu que mantivesse e chegasse aos nossos dias tão precioso elemento do nosso património biológico – a Laurissilva. No entanto, se por um lado a sua situação insular, no oceano Atlântico, com o clima ameno e um relevo acentuado, torna favorável à conservação de espécies, por outro, exige atenção especial e permanente para a manutenção de tão equilíbrio de vegetação.
Presentemente esta floresta que outrora cobriu quase toda a Madeira, mantém-se bem conservada com toda a sua pujança, apenas em vales muito encaixados, de vertentes com declive acentuado, onde é impossível o corte de árvores, onde o gado também não conseguiu saciar o seu apetite, por serem lugares tão íngremes e inacessíveis. Só assim foi possível chegar aos nossos dias alguns quilómetros quadrados de Laurissilva praticamente intacta. Esta área em bom estado de conservação refere-se às regiões do Norte. Estas paisagens estão integradas no Parque Natural da Madeira como reservas integrais, o que pressupõe uma protecção absoluta dos sistemas naturais, sendo proibida a pastorícia.
Muitas das vertentes e vales da Madeira que foram outrora domínio da Laurissilva, estão actualmente ocupados por eucaliptos, acácias e pinheiros. O eucalipto (Eucaliptus globulus) e as espécies do género acácia têm características invasoras, o que constitui uma das ameaças aos sistemas naturais. A floresta madeirense tem particular interesse na condensação dos nevoeiros, na permeabilização dos solos e no combate à erosão, mantendo o equilíbrio biológico e biofísico.
Quando o fogo visita as nossas serras, as urzes desaparecem e com elas também o último vestígio da formação primitiva. Então a feiteira (Pteridum aquilinum) muito resistente ao fogo e pouco apreciadora da sombra das outras espécies, aproveita o ambiente favorável para se impor. No Paul da Serra, no Chão das Feiteiras, nos picos mais altos ou nas rochas do litoral, este feto cosmopolita aproveita a oportunidade para reduzir o espaço vital das espécies características dos diferentes ecossistemas.
É este o panorama referente aos espaços verdes, os quais estamos a explorar progressiva e inconscientemente. É de salientar que a manutenção do equilíbrio ecológico nunca será eficaz sem a colaboração e compreensão de todos. Urge portanto, uma boa educação ambiental, o que exige uma reflexão sobre a realidade que temos para podermos saber aquilo que queremos.
O problema ambiental tem sido tema de debate na Região e foram tomadas algumas posições políticas importantes como a mais recente, a elevação da Laurissilva à Património Mundial sob a égide da UNESCO, beneficiando a região em projectos financiados pela Comunidade Económica Europeia. Mas destas posições, uma das formas mais importantes é a sensibilização das populações mais jovens na defesa do nosso Ambiente – Património Biológico. Esta consciência ecológica lembra aos jovens que a degradação de um ambiente natural, o esgotamento dos recursos naturais não renováveis, o aniquilamento de espécies vegetais ou animais, põem em perigo a vida humana, a sobrevivência do Homem. Olhando estas realidades todos temos de saber lidar com a Natureza, estabelecendo relações profundas com o seu ambiente.

Impacte ambiental


Impacte ambiental é o conjunto de acções, ou comportamentos do Homem, capazes de interferir com o equilíbrio natural. Podemos, entre muitos dos impactes que ocorrem actualmente, citar: a destruição do património geológico com a exploração de rochas, com a abertura de grandes pedreiras, para suprir as necessidades da sociedade actual; a artificialização de linhas de água, com as respectivas consequências, muitas vezes dramáticas, sobre as populações ribeirinhas devido à ocorrência de cheias; a artificialização da paisagem, com a construção de diversas infra-estruturas necessárias. Este risco geológico está, muitas vezes, associado ao mau ordenamento de território. Nos últimos anos, a Política dos Três R, (REDUZIR, REUTILIZAR e RECICLAR) aplicável essencialmente à produção de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU), vulgarmente conhecidos como lixos domésticos evoluiu, de tal modo que, hoje em dia, pode-se falar na Política dos Cinco R. Assim, actualmente os novos “erres”, são: RESPEITAR – assumir uma atitude de respeito, não só pelo ambiente, mas também por aqueles que praticam acções consideradas ambientalmente correctas; RESPONSABILIZAR – a responsabilização resulta no facto de todos sermos responsáveis quer pelas boas quer pelas menos boas atitudes perante o ambiente. É necessário que todos os cidadãos pratiquem, de forma activa, uma cidadania empenhada na possibilidade da construção de um melhor ambiente.
Cabe às entidades responsáveis pela salubridade, não só promover acções de sensibilização mas, fiscalizar, as acções menos correctas de cidadãos sem escrúpulos e actuar com coimas elevadas, no sentido de impor o respeito ao ambiente que todos nós desfrutamos e implementar outras atitudes ambientais, de modo a desenvolver o desenvolvimento sustentável, tais como: fomentar o ordenamento do território, aplicando os PDM (Planos Directores Municipais), os POOC (Planos de Ordenamento da Orla Costeira) e os Planos da Bacia Hidrográfica; promover a conservação de determinadas áreas de interesse geológico, criando geomonumentos ou geossítios que protejam essas zonas e as divulguem junto dos cidadãos; incentivar a recuperação de áreas degradadas e reduzir os impactes ambientais negativos.

Protecção ambiental e desenvolvimento sustentável


A Natureza é a Mãe de todos os seus, mesmo daqueles que o Homem cria e desenvolve. As plantas e os animais, os mares e os rios, o ar e o solo são filhos da Natureza que o Homem precisa de compreender e utilizar sem destruir.
Toda a violação da Natureza, para a sua exploração é um crime contra a vida que nela renasce e se renova todos os dias. Na Natureza o equilíbrio existe naturalmente. Compete ao Homem ao aproximar-se dela, descobrir esse equilíbrio e tirar daí os proveitos para a sua vida sem alterar as relações entre os seres. Só é verdadeiramente cidadão do mundo o Homem que conhece o meio em que vive; que ama e respeita; que o utiliza com inteligência e delicadeza.
Todo o Homem deveria estar preparado para saber e reconhecer os deveres que tem a cumprir para o bem geral, dentro de normas de verdadeira justiça, condição primária e progresso. A conservação dos recursos naturais de cada país tem de ser considerado como obrigação moral e ética para toda a gente. São fúteis a maior parte das questões políticas, comparadas com estas grandes realidades da vida. Caímos em risco de suicídio, sempre que provocamos danos insensatos e irreparáveis nos recursos naturais. Defender a flora, a fauna, o solo, as águas, as riquezas dos nossos mares, impedir a deteorização do ambiente natural, descobrir novas riquezas que contribuam para a subsistência da população, criar uma consciência colectiva dos perigos que nos cercam, preparar uma defesa dos recursos naturais, é uma orientação, que todos os governos e todos nós devemos tomar como medida necessária e urgente de acção. No fundo, trata-se de proteger a nossa espécie contra os perigos que lhe ameaçam a sobrevivência, trata-se ainda de proteger ao mesmo tempo toda a vida animal e vegetal e a sobrevivência do Homem.
A tomada de consciência por governantes, associações de defesa do ambiente ou mesmo simples cidadãos anónimos para os problemas relacionados com os recursos da Terra e com o uso que deles fazemos levou à criação do conceito de desenvolvimento sustentável. Assim, desenvolvimento sustentável é o conjunto de processos e atitudes que podem satisfazer as necessidades do presente, sem comprometer as necessidades das gerações futuras.
O Homem está cada vez mais condenado a viver alheado da Natureza, em ambientes urbanos insalubres, estreitos, sem ar, nem sol, nem luz, nem vegetação.
O aumento da população, o consumo de combustível de matérias plásticas, de insecticidas, de herbicidas, são factores que dia a dia contribuem para contaminar o ambiente. É atitude irresponsável aquela que leva os homens a explorar excessivamente a Natureza, destruindo a flora, a fauna, colocando em perigo a vida física e psíquica dos homens e futuras gerações.
Para toda a Humanidade, os mares, as florestas, o ar que respiramos, os rios, têm um destino universal: satisfazer as necessidades primárias – a saúde, a alimentação, o vestuário, a habitação… Há porém quem não se preocupe com estes assuntos.
O Homem deve, portanto, modelar-se ao dinamismo criador, uma vez que esta tarefa é bem digna. As falhas na civilização moderna podem detectar-se especialmente nas doenças características do ambiente moderno insalubre, impróprio para a vida humana, o que representa uma tremenda responsabilidade para os dias de hoje.