quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Reforço Populacional do Dragoeiro (Draceana draco subsp. draco) na população natural existente na Rª Brava

No sentido de promover a educação ambiental junto dos jovens, no passado dia 13 de Fevereiro teve lugar uma acção de carácter ambiental na Rª Brava, feita por técnicos do Jardim Botânico da Madeira, juntamente com os alunos do 10º Ano, Turma B, na disciplina de Biologia e Geologia, da Escola Básica e Secundária Padre Manuel Álvares. Foram plantados 9 dragoeiros na vertente Este do vale da Ribeira Brava, onde se encontram três espécimes no seu habitat natural, e um, no jardim da Câmara Municipal.
O Jardim Botânico da Madeira desenvolveu esta acção de reforço populacional pelo facto de ter plantas obtidas por semente provenientes destes espécimes naturais. Para que os presentes ficassem a saber mais sobre esta planta, foi dada informação aos presentes, pelos técnicos do Jardim Botânico.

«O dragoeiro (Draceana draco subesp. draco) é uma árvore endémica da Macaronésia * da família das agaváceas que pode atingir 15m de altura.

Na Madeira o dragoeiro é muito raro na natureza, existindo apenas 3 espécimes na vertente Este do vale da Ribeira Brava. A regeneração natural da população é praticamente nula (existe 1 espécimen pequeno junto às plantas adultas que são 2), supostamente porque os animais (coelhos, ratos, aves) comem as sementes, ou porque o habitat natural está ocupado por espécies exóticas invasoras. Por outro lado, a frutificação ocorre com pouca frequência (a última ocorreu em 2003), sendo outro factor potenciador da raridade desta espécie na natureza. A conjugação destes factos podem conduzir à sua extinção no arquipélago da Madeira, sendo por isso imprescindível a tomada de medidas de conservação adequadas.

Neste sentido, esta popu-lação tem sido alvo de acções de conservação ex situ e in situ por parte do Jardim Botânico da Madeira. As acções ex situ envolvem colheita de sementes, conservação em Banco de Sementes e propagação seminal em viveiro. (…)”

(…) Este tipo de acção tem como objectivo final o estabelecimento de uma população natural estável e que se auto-perpetue a longo prazo. (…)

(…) Foram colhidas sementes da população existente na natureza em 2003 e feito sementeira ex situ. Neste momento, o Jardim Botânico da Madeira possui 10 plantas com 6 anos de duração.(…)

(…) Os terrenos onde ocorre a população natural bem como a acção de reforço são privados. Neste sentido foi contactado um dos proprietários, o qual concordou com a acção. (…)

(…) O sucesso da acção requer a elaboração de um plano de monitorização a
médio e a longo prazo. Neste sentido é necessário considerar o seguinte:

- monitorizar a eventual acção de roedores no estabelecimento de novas plantas;

- controlar crescimento de eventuais espécies invasoras;

- continuar a monitorização das plantas adultas de modo a obter mais sementes e plantas para expandir a área intervencionada através de mais acções de reforço. »


Fonte: Documento entregue aos presentes, Jardim Botânico da Madeira


No final da acção, foi visível a satisfação de todos os presentes, pelo facto de terem contribuído para o enriquecimento, do património biológico da Rª Brava e da Região Autónoma da Madeira.

* Macaronésia - Arquipélagos do qual fazem parte: Madeira, Açores, Canárias e Cabo Verde

Prof. Sílvio Jesus

Meiose - Fonte de variabilidade genética

Meiose - Fonte de variabilidade genética

Em termos evolutivos, a reprodução sexuada representa a capacidade que os seres conquistaram para produzir diversidade genética. Contribuem para esta diversidade genética, por um lado, os processos que ocorrem durante a produção de células haplóides (n) e por outro lado, os processos associados à fecundação, que permitem a produção de novos indivíduos diplóides (2n). O facto de cada espécie ter um número constante de cromossomas implica que, em qualquer ciclo de vida com reprodução sexuada, seja indispensável a existência de um processo celular compensatório da fecundação, durante o qual o número de cromossomas se reduza para metade. Esse processo, que permite a manutenção do número de cromossomas em qualquer ciclo de vida, é a meiose. (ver vídeo)As células do organismo “soma” (2n=46) sofrem mitoses sucessivas por forma a substituírem as células velhas que terminaram o seu tempo de vida. A produção de gâmetas (gametogénese) ocorre somente em células especializadas (linha germinativa). Os gâmetas são células reprodutoras haplóides (n) isto é, contêm metade do número de cromossomas, porém têm origem nas células diplóides (2n) da linhagem germinativa. Por exemplo, na espécie humana a constituição cromossómica (cariótipo) é de 46 cromossomas: 44 autossomas + XX ou XY, isto é, pares de cromossomas, materno e paterno. As células diplóides (2n=46) que se encontram nos órgãos reprodutores (esporófitos nas plantas e gónadas nos animais), sofrem duas divisões consecutivas (uma reducional e outra equacional) por forma a obterem células com metade do número de cromossomas da espécie (células haplóides n=23 - gâmetas ou células reprodutoras).

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Água - Fonte de vida

A vida neste planeta começou na água e hoje onde quer que haja água, quase sempre há vida. Existem organismos unicelulares que passam a existência inteira apenas com a água que possa aderir a um grão de areia. Algumas espécies de algas são encontradas somente na superfície inferior fundente do gelo polar. Algumas espécies de bactérias e de algas azuis podem resistir à água quase fervente de fontes termais. No deserto, há plantas que percorrem um ciclo de vida inteiro – semente, flor, semente – logo depois da queda de chuva. Na floresta tropical, a água colectada nas folhas de uma planta forma um microcosmos no qual pequenos organismos nascem, crescem, reproduzem-se e morrem.
Três quartos da superfície da Terra estão cobertos por água. A água constitui 50 a 95 por cento do peso de qualquer ser vivo em actividade. Comparada com outros líquidos, a água é bastante extraordinária. Não fora isso, é bem provável que a vida nunca tivesse existido.
A fim de compreender por que a água é tão extraordinária e como desempenha seu papel único e essencial nos seres vivos, teremos que considerar a estrutura da sua molécula. Cada molécula de água é constituída por dois átomos de hidrogénio e um átomo de oxigénio, unidos por ligações covalentes (ligações formadas pela partilha de um par de electrões). A molécula da água, como um todo, é neutra quanto à carga eléctrica, com igual número de protões e de electrões. Moléculas como a água, possuidoras de zonas negativas e de zonas positivas, são chamadas polares, em analogia com o “ímã”, que tem um pólo positivo e um negativo.
Quando um átomo de hidrogénio, com carga positiva, pertencente a uma molécula de água, se justapõe a um átomo do dotado de carga negativa suficientemente forte, como o átomo de oxigénio de outra molécula de água, a força de atracção forma uma ligação entre eles, ligação conhecida por ponte de hidrogénio. Trata-se de uma ligação relativamente fraca, que prende um átomo de hidrogénio covalente ligado a outro átomo, geralmente oxigénio ou nitrogénio, ao oxigénio ou nitrogénio de outra molécula. Na água, pontes de hidrogénio formam-se entre as partes negativas de uma molécula e água e as partes positivas de outra. Uma molécula de água pode, portanto, estabelecer pontes de hidrogénio com quatro outras. A água líquida é constituída de moléculas ligadas dessa forma. Uma ponte de hidrogénio individual tem duração muitíssimo curta. Tomadas em conjunto, as pontes de hidrogénio têm força considerável e tornam a água fluida e estável, em condições comuns de temperatura e pressão. Na água que goteja de uma torneira, cada gota adere á borda e, por um momento, fica pendurada por um fio de água. Em seguida, assim que o peso da gota parte o filamento, a superfície da mesma fica retesada e inclui a esfera inteira durante a queda. Um material leve à superfície da água, flutua, embora seja mais denso. Durante a primavera, ou no Verão, insectos andam sobre a superfície de uma lagoa, como se fosse sólida. Estes fenómenos resultam da tensão superficial. A tensão superficial resulta da coesão das moléculas da água. O único líquido com maior tensão superficial maior do que a da água é o mercúrio. Os átomos do mercúrio atraem-se tão fortemente que não aderem a qualquer outra coisa. Por causa das suas cargas negativas e positivas, a água adere fortemente a qualquer molécula carregada e a superfícies carregadas. A capacidade de molhar, isto é, a capacidade de revestir uma superfície, depende da sua capacidade de aderir.
É por capilaridade que a água sobe em tubos de diâmetro muito fino, através de um pedaço de papel e pelos microporos do solo, modo pelo qual se torna acessível às raízes das plantas.
A embebição “beber” é o movimento de moléculas de água para dentro de materiais, como a madeira ou a gelatina, que incham ou aumentam de volume por causa da interacção entre eles e as moléculas da água. As sementes embebem-se de água ao germinar e podem atingir volume muitas vezes maior que o original.
A quantidade de calor necessária para que, em certa quantidade de substância, ocorra um determinado aumento de temperatura chama-se calor específico dessa substância. Uma caloria é, por definição, a quantidade de calor que aumentará de 1ºC a temperatura de 1 g (1 ml) de água. O calor específico da água é cerca de duas vezes maior que o calor específico do álcool ou do óleo. É também quatro vezes maior que o calor específico do ar ou do alumínio e nove vezes maior que o do ferro. Para aumentar a temperatura da água é necessário introduzir mais energia do que a requerida, para o mesmo efeito, em outras substâncias. O alto calor específico da água é também consequência das pontes de hidrogénio, assim como o são sua tensão superficial e sua coesão. O calor é uma forma de energia, a energia cinética, ou de movimento , de moléculas. Para que a energia cinética das moléculas da água aumente o bastante para elevar um 1ºC de temperatura, é necessário romper muitas pontes de hidrogénio, que prendem as moléculas às outras. Se colocarmos uma panela de água sobre a chama, mais tempo e portanto mais energia são necessários para esquentar a água do que para esquentar a panela. A razão disso é que a maior parte da energia introduzida na água é gasta em quebrar as pontes de hidrogénio e só resta parte relativamente pequena para aumentar o movimento molecular.
Qual o significado biológico de um alto calor específico? O significado é que, para uma certa velocidade de introdução de energia, a temperatura da água subirá muito mais lentamente que a de quase qualquer outro material. Inversamente, a temperatura cairá mais devagar durante a libertação de calor. Por ser tão grande a quantidade de calor, ganha ou perdida, necessária para elevar ou baixar a temperatura da água, os organismos que habitam os oceanos vivem em ambiente de temperatura mais ou menos constante. Do mesmo modo, por causa do seu alto teor de água, é mais fácil para as plantas e animais terrestres manterem temperatura interna relativamente constante. A importância disso está no facto das reacções biológicas, ocorrerem somente num determinado valor de temperatura.
As pontes de hidrogénio são também responsáveis pelo alto calor de vaporização da água (são necessários 500 calorias para transformar 1g de água líquida em vapor, cinco vezes mais do que para o éter). A vaporização acontece porque as moléculas mais rápidas de um líquido escapam da superfície para o ar. Para que uma molécula de água se desprenda de suas companheiras, isto é, para que se vaporize, as pontes de hidrogénio têm de ser quebradas. Isso requer energia calorífica. Quando a água se evapora, como da superfície da nossa pele ou de uma folha, absorve grande quantidade de calor das redondezas. Assim, a evaporação tem um efeito resfriador. A evaporação a partir da superfície de um animal ou de uma planta terrestre é um dos principais meios desses organismos descarregarem excesso de calor.
Nos sistemas vivos há muitas substâncias em solução. A polaridade das moléculas da água é o factor responsável pela eficácia da água como solvente. As moléculas carregadas da água tendem a separar em seus iões constituintes, moléculas como a do cloreto de sódio. As moléculas da água aglomeram-se à volta dos iões e separam-no. Muitas das pequenas moléculas, importantes nos sistemas vivos, possuem igualmente áreas de carga negativa e positiva e também atraem moléculas da água. Por causa da tendência que a água tem de dissolver outras moléculas e de se aglomerar em volta delas, virtualmente todas as reacções químicas da célula ocorrem em água. Além disso, as moléculas da água participam directamente em muitas dessas reacções.
Na água líquida há ligeira tendência de um átomo de hidrogénio saltar do átomo de oxigénio com o qual está covalente ligado para o átomo de oxigénio com o qual forma ponte de hidrogénio. Nesta reacção formam-se dois iões: o ião hidrónio (H3O+) e o ião hidroxilo (OH). Em qualquer volume de água pura há um número pequeno mas constante de moléculas ionizadas dessa forma. O número é constante porque a tendência da água a ionizar-se é compensada exactamente pela tendência dos iões a reunir-se; assim, ao mesmo tempo que algumas moléculas se ionizam, um número igual de outras formam-se.
Na água pura, o número de iões H+ é exactamente igual ao número de iões OH-. Uma solução adquire as propriedades de um ácido quando o número de iões hidrogénio excede o de iões OH-; inversamente, uma solução é alcalina (básica) quando os iões OH- excedem os iões H+.

Prof. Sílvio Jesus