segunda-feira, 6 de abril de 2009

FLORA ENDÉMICA DA MADEIRA

O estudo dos endemismos do arquipélago madeirense, a sua origem, a sua génese, o seu elevado número, as suas relações com as floras de outras ilhas mais ou menos próximas, de outras regiões ou continentes, constitui um trabalho de muito valor cientifico que tem vindo a preocupar muitos investigadores desde à muito tempo ( entre os quais Darwin, Braun-Blanquet, C. N. Tavares,...etc.

Origem.
As análises de fósseis do Sudoeste de França revelam a existência de árvores, nomeadamente de Laurus primigenia e Persea typica, afins aos nossos actuais Loureiro (Laurus azorica) e vinhático (Persea indica) que datam do Oligocénico (38 milhões de anos). Tudo indica que durante o Miocénico (23 milhões de anos), comunidades vegetais da família Lauráceas com aspectos semelhantes à flora que actualmente persiste nas Ilhas Atlânticas (em especial a Ilha da Madeira) continuavam a ocupar a Europa Ocidental. Esta flora terá desaparecido da Europa Ocidental durante o Quarternário (Plistocénico – 1,8 milhões de anos), devido ao considerável arrefecimento climático que acompanhou as sucessivas glaciações. Simultaneamente iniciou-se a desertificação do Saara, impedindo o estabelecimento, dessa flora com características subtropicais, no Norte de África.
A Madeira apresentando um clima propício e estável, favoreceu o estabelecimento de uma parte considerável desta flora.


Macaronésia
A Madeira pertence à região Macaronésia, termo introduzido pelo botânico Philips Barker Webb no século passado, para caracterizar ilhas com afinidades biogeográficas: Açores, Madeira, Selvagens, Canárias e Cabo Verde.
Outros investigadores, consideram pertencer a este domínio biogeográfico, para além destas ilhas, a costa Atlântica de Marrocos e o sudoeste da Península Ibérica. Em Portugal foram feitas descobertas botânicas, particularmente nas falésias da Serra da Arrábida, que alargam este domínio ao Continente Português.

Factores que explicam a sua permanência:


q Localização geográfica:

Ø A Madeira devido a sua posição geográfica apresenta um clima mais favorável e estável em relação ao norte de África e a Europa.

q Características geomorfológicas:

Ø Origem vulcânica, geomorfologia particular (profundos vales com predomínio da direcção Norte – Sul)

q Características climáticas:

· Temperatura

Por ser uma ilha de origem vulcânica, existem rochas, que funcionam como um “forno” concentrando o calor. Durante o dia, as rochas concentram o calor do sol e durante a noite irradiam este mesmo calor para o ambiente, a tal ponto, que é muito pouca a diferença de temperatura entre o dia e a noite.

· Humidade

Os ventos alísios, correndo de norte para sul criam uma abundância de nevoeiros húmidos que provocam a precipitação, dando origem a uma temperatura ambiente propícia ao crescimento e fazendo surgir as águas necessárias a toda a espécie de vida.
Estes factores combinados permitem a existência de habitats propícios ao desenvolvimento de endemismos.

FLORA INDÍGENA DA MADEIRA


A floresta Laurissilva da Madeira foi reconhecida como Património Mundial Natural pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO). Uma consagração internacional que vem premiar um esforço de conservação desenvolvido ao longo dos últimos anos e que abre portas para novas candidaturas da Região. Em Marraquexe (Marrocos), a UNESCO incluiu a Laurissilva no restrito lote de “sítios” a proteger e que constituem o espólio da humanidade. Pela primeira vez, Portugal incluiu um local no património natural, uma classificação ainda mais rara do que o património cultural.

In, Revista do D.Notícias – Madeira de 5 a 11/12/99


A flora indígena madeirense constitui um dos maiores atractivos da ilha, atendendo ao seu interesse científico e económico.
A floresta originária da Madeira, a Laurissilva, é considerada uma relíquia viva, com origem na era Terciária (há indícios que durante o Miocénico – 23,3M.a., comunidades vegetais caracterizadas pela presença de Lauráceas, continuavam a ocupar a Europa Ocidental, com aspectos semelhantes à flora que actualmente persiste nas ilhas Atlânticas e em especial na ilha da Madeira). Esta flora terá desa-parecido da Europa durante o Quaternário (Plistocénico – 1,64 M.a.) devido ao considerável arrefecimento climático que acompanhou as sucessivas glaciações. Simultâneamente inicia-se a desertificação do Saara, impedindo o desenvolvimento dessa flora com características subtropicais, no norte de África. Terá sido na Madeira, ilha que apresenta um clima favorável e estável, que se estabeleceu uma parte considerável da outrora flora Terciária da Europa.
Aparece conservada nos arquipélagos que constituem a Macaronésia do qual fazem parte para além do nosso, os arquipélagos dos Açores, Canárias e Cabo Verde. A totalidade da área desta floresta na Madeira (15 000 hectares), dada a sua importância científica e o seu estado de conservação, foi incluída em 1992 na Rede Europeia de Reservas Biogenéticas (áreas protegidas onde ocorrem ecossistemas, biótopos e espécimes únicos, raros ou ameaçados de uma dada região), sob a égide do Conselho da Europa e muito recentemente foi classificada como Património Mundial Natural sob a égide da UNESCO.
Na ilha da Madeira segundo os investigadores podem defenir-se várias zonas ou andares de vegetação (andares fitoclimáticos), embora a altitude correspondente a cada andar de vegetação tenha uma equivalente ligeiramente superior na encosta virada a Norte, atendendo ao clima ser mais frio e húmido. Pode inclusive ocorrer a mistura de plantas dos vários andares contíguos.

Assim, a Flora Indígena actual está distribuída em altitude do seguinte modo:

1º ANDAR – VEGETAÇÃO COSTEIRA, junto ao mar e até uns 300 metros de altitude na costa Sul, o clima e o ar é mais quente e seco e apenas aos 100 m no Norte, temos uma vegetação de características xerofíticas de porte predominantemente rasteiro, adaptadas a habitats com pouca água disponível, temperaturas elevadas, forte insolação e ventos fortes com maresia, onde os arbustos raramente atingem mais de um metro.
O Dragoeiro (Dracaena draco) deveria dominar. É uma árvore endémica dos Arquipélagos da Macarronésia, sendo actualmente extremamente rara na ilha da Madeira.
No habitat natural apenas existem dois espécimes na Rª Brava na vertente a E da Escola Básica e Secundária Padre Manuel Álvares, e um núcleo no sítio das Neves, em S. Gonçalo. De entre os arbustos destacam-se o Perrixil ou Funcho marinho (Crithmum maritimum L.), tem por habitat as falésias basálticas do litoral onde o calor é intensivo e a humidade é escassa. Raramente ultrapassa os 100 m de altitude. A sua floração ocorre entre Julho e Setembro; o Funcho (Foeniculum vulgare) e a Figueira do Inferno (Eufhorbia piscatoria) são arbustos muito comuns nas falésias e terrenos do litoral até cerca de 300 m de altitude. Florescem em Abril e Maio; a Globulária ou Malfurada (Globularia salicina) é comum no litoral, nas arribas à beira mar. Floresce entre Abril e Setembro; a Oliveira brava (Olea europaea ssp maderensis).
O Goivo da Rocha, ou Cravo de Burro (Matthiola maderensis Lowe) vegeta os terrenos do litoral. As suas flores violáceas surgem entre os meses de Março e Agosto; a Múchia (Musschia aurea L. Fil. Dumort) é uma planta vivaz, está perfeitamente adaptada à secura extrema. As suas flores amarelo ouro surgem em Agosto e Setembro. Temos também o Massaroco (Echium nervosum).

2º ANDAR – VEGETAÇÃO DE TRANSIÇÃO, entre os 300 e 600 m, aproximadamente, num ambiente mais fresco e húmido temos o bosque de transição, onde prosperam o Barbusano (Apollonias barbujana), a Faia das Ilhas (Myrica faya); o Azevinho (Ilex canariensis) e a Murta (Myrtus communis).


3ºANDAR – LAURISSILVA, entre os 600 e os 1300 m, correspondente a uma área onde a humidade relativa é a mais elevada da ilha (superior a 85%), o maior valor de precipitação (mínimo 1700mm/ano) e frequência de nevoeiros, temos alguns núcleos de Laurissilva. Esta floresta é de uma grande diversidade florística, e é ao nível do estrato herbáceo inferior que se encontram a maior parte dos endemismos. Saliente-se a Orquídea da Serra (Dactylorhiza foliosa) que é uma espécie de orquídea muito rara; Os Gerânios (Geranium maderense e Geranium palmatum); a Estreleira (Argyranthemum pinnatifidium) e a Godiera da Madeira (Goodyera macrophyla Lowe), orquídea endémica. No estrato arbustivo desta floresta salienta-se a espécie endémica da Madeira – o Isoplexis (Isoplexis screptum).la sua excelente madeira.
A Laurissilva é importante no estabelecimento do equilíbrio ecológico insular, sendo o principal suporte da fauna e flora endémicas, assim como fundamental na formação e fixação de solos. Esta floresta é também conhecida como “produtora de água”, atendendo ao seu efeito nas precipitações verticais, assim como através de fenómenos locais de captação de nevoeiros, designados de precipitação horizontal ou oculta.

4º ANDAR – VEGETAÇÃO DE ALTITUDE, superior aos 1300 m temos a chamada vegetação de altitude, caracterizada por suportar um clima rigoroso, com grandes amplitudes térmicas e ventos intensos. O granizo chega a cobrir extensas áreas nos meses mais frios. Nas fissuras das rochas, com algum substrato, e fora do alcance do gado, desenvolve-se uma vegetação adaptada a estas condições do meio onde abundam um grande número de endemismos. As espécies mais características são: Urze madeirense (Erica maderensis); Violeta da Madeira (Viola paradoxa); Arméria da Madeira (Armeria maderensis). Temos outras espécies endémicas como: Antlídea da Madeira (Anthylis lemanniana); o Massaroco (Echium candicans L.); (Festuca albida); uma gramínea com utilidade forrageira e com capaci-dade para ser utilizada no melhoramento de prados; Orquídea das Rochas (Orchis scopulo-rum).
No estrato arbóreo encontra-se a Urze Molar (Erica arborea L.); a Urze Durázia ou Urze das Vassouras (Erica scoparia L.); o Cedro da Madeira (Juniperus cedrus); a Sorveira (Sorbus maderensis); o Teixo (Taxus baccata L.).

É importante não esquecer a componente vegetal formada por plantas mais pequenas (fetos, musgos, hepáticas e algas) e líquenes, os quais de menores dimensões não são menos importantes que as supracitadas, e que contribuem para o equilíbrio destas comunidades.
Relativamente aos musgos e aos líquenes, muitas espécies são pioneiras de determinados habitats, inóspitos para outros tipos de vegetais, apresentando assim uma função relevante no que respeita ao criar de condições que venham a permitir a colonização à posteriori por parte de outros seres vivos, nomeadamente plantas vasculares.

Legislação

A importância desta biodiversidade é reconhecida em termos nacionais, pela criação do Parque Natural da Madeira e diversas Reservas Naturais, e internacionalmente pela legislação comunitária, Directiva 92/43/CEE do Conselho, de 21/5/92, e a integração de alguns habitats na rede Natura 2000.

Medidas de conservação de que beneficia as espécies:

Decreto Legislativo Regional nº 21/89/M. A sua área de ocorrência integra-se no Parque Natural da Madeira, num sítio da Rede Natura 2000 (PTMAD0001), numa área que é Património Mundial pela Unesco.

Bibliografia

JARDIM, Roberto; FRANCISCO, David; Flora Endémica da Madeira; 1ª edição; Muchia Publicações, Out. 2000

FERNANDES, Francisco; e outros; Alguns Aspectos da Flora do Arquipélago da Madeira; Jardim Botânico da Madeira, 30 de Abril, 1997

VIEIRA, Rui; Flora Endémica da Madeira - O Interesse das Plantas Endémicas Macaronésicas; vol. 11;SNPRCN, Funchal, 1992
R
De Reduzir de Reutilizar e de Reciclar

REDUZIR

Reduzir os resíduos é o princípio da resolução dos nossos problemas ambientais que estão relacionados com os lixos domésticos e não só.
Começamos por produzir menos lixo se consumirmos com mais moderação.
Depois, é preciso usar a imaginação e encontrar para o lixo, ou uma boa parte dele, funções mais interessantes do que acabar num balde á porta de casa.
Mas isso é conversa para o Reutilizar, um pouco mais para a frente.
Reduzir o lixo é também “incentivar” os produtores de bens de consumo a utilizarem embalagens menos volumosas e que utilizem menos material e sempre reciclável. Mas esta é conversa para, já a seguir, quando falarmos de Reciclar.

REUTILIZAR

O termo reutilizar é conhecido no nosso país há muitos anos. Veja-se o exemplo das embalagens de vidro que transportam até às nossas mesas a água mineral, o vinho e a cerveja.
Até há pouco tempo não fazia sentido ir comprar uma garrafa de água ou um garrafão de vinho sem levar o “vasilhame” para a troca.
Depois perdeu-se esse “princípio” mas, felizmente, reencontrou-se.
As vantagens são muitas! Poupam-me matérias-primas e poupa-se dinheiro ao consumidor que tem de pagar menos para obter os mesmos produtos.
As condições de extrema higiene com que, hoje em dia, se dá o embalamento dos produtos permite encarar a reutilização como uma das medidas ecológicas mais importantes.

RECICLAR

É transformar materiais considerados inúteis em materiais que as indústrias podem reaproveitar, o que faz diminuir os resíduos e poupar recursos energéticos e naturais.
Lá em casa podemos ajudar os serviços municipalizados a cumprirem a enorme tarefa de colocar o lixo no “caminho” da reciclagem, separando os diversos tipos de lixo, em especial o que se destina a operações de reciclagem.
Podemos separar o papel e colocá-lo amarrado, à parte. Separamos as garrafas e tudo quanto é objecto de vidro e colocámo-lo no “vidrão” mais próximo.
Separamos pilhas e os metais e, mesmo que não exista um contentor “especializado” neste tipo de produtos, por perto, podemos guardá-los em local seguro e procurar informações junto dos serviços municipalizados sobre o melhor caminho a dar-lhes. Os serviços municipalizados da maior parte do país possuem já locais de recepção desse tipo de resíduos – os ecopontos.

ECOCENTROS

Ecocentros são parques amplos com caixas/contentores de grandes dimensões, destinados a receber e a armazenar, separadamente, os diversos tipos de resíduos para posterior tratamento de reciclagem.
Os ecocentros são locais vedados, sendo a colocação dos materiais, nestes recintos, uma forma mais higiénica do que o seu abandono em vazadouros. Funcionam como centro de selecção de resíduos, visando a sua recuperação e reciclagem. Mas, para isso, é necessário que haja uma entrega por parte dos munícipes e entidades produtoras de razoável dimensão.

ECOPONTOS

Ecopontos são contentores específicos de deposição de materiais, colocados em lugares públicos – escolas, parques, piscinas, complexos desportivos, mercados, feiras e outros locais de grande produção de resíduos.
Os ecopontos são constituídos por contentores diferenciados em função do tipo de material a depositar e poderão surgir sob a forma de recipientes individualizados, ou então, sob a forma de um único contentor com funções múltiplas. Este equipamento foi concebido com o objectivo de aí se depositar selectivamente os materiais a reciclar, como vidro, latas e outros metais, papel, cartão e plásticos. Também aqui precisamos da tua ajuda: deposita estes materiais no teu ECOPONTO mais próximo, em vez de o misturares no teu habitual saco, sem qualquer preocupação. Sensibiliza os teus colegas para fazerem o mesmo.
Em todas as escolas vai haver um ecoponto: é nas escolas que começa a educação para a vida em comunidade.

REMOÇÃO SELECTIVA

Vamos recorrer aqui, também, a um texto extraído de um folheto de divulgação da Lipor, a empresa criada por Câmaras Municipais da Zona Grande Porto e que nos explica o que é a remoção selectiva.

Remoção selectiva é a separação do lixo, em tua casa, para recipientes próprios que te vão ser distribuídos: sacos de plástico ou contentores e cestos de pequena capacidade. Poderás, assim, ajudar-nos a separar e recuperar os resíduos aproveitáveis dos inúteis. Vais ver que não custa nada e pode trazer muitos benefícios.

Texto extraído do manual de:
Ciências Naturais, 7º Ano, (pág. 270-272), Porto Editora
PROTECÇÃO DOS ECOSSISTEMAS NATURAIS

TU E O AMBIENTE

Protege o Ambiente. Hoje ele é teu, dos teus vizinhos e irmãos, como será amanhã dos teus filhos e netos. Procura ser civilizado nas tuas relações com o próximo evitando-lhe todo o incómodo dispensável.

Para tanto:

Ø Estimarás os lugares públicos – ruas, praças, jardins, praias, matas – como se fossem teus;
Ø Evitarás todo o ruído que possa molestar os outros;
Ø Renunciarás a todas as actividades que possam poluir a atmosfera, desde o queimar detritos ao fumar em recintos fechados, locais de trabalho e transportes colectivos;
Ø Cuidarás de não deixar assinalada a tua presença ou passagem com qualquer marca ou detrito desagradável;
Ø Defenderás como um bem precioso a pureza das águas dos mares, rios, lagoas e albufeiras e procurarás que nem uma gota de orvalho se perca;
Ø Protegerás os espaços verdes como se eles fossem os teus pulmões;
Ø Favorecerás a plantação de árvores e deixarás que os pássaros se acolham nelas para te dizerem, todos os dias, que a vida é bela se for vivida em liberdade;
Ø Promoverás com o teu exemplo o culto da Natureza andando, correndo, ou simplesmente respirando onde a possas sentir bem viva;
Ø Farás com que os teus vizinhos, irmãos e filhos se juntem a ti para cumprirem, para bem de todos, este Código de boa conduta ambiental.»

Texto de: Correia da Cunha
Comissão Nacional do Ambiente
CURIOSIDADE ...

Águas duras

As águas ricas em bicarbonato de cálcio designam-se por águas duras.

Localização no território português

Estas águas no território português localizam-se nas zonas de Leiria, Alentejo e Algarve, ou seja onde ocorrem importantes maciços calcários.

A causa da existência de águas duras

A dissolução de maciços calcários, por acção das chuvas ácidas (calcite = Carbonato de cálcio), enriquece as águas em bicarbonato de cálcio tornando-as duras.
Doseamento de detergente aconselhável

Os detergentes, na presença destas águas, fazem pouca espuma. Na embalagem de um detergente de máquina, a dosagem aconselhada é a seguinte:


Tipo de água / Dosagem aconselhada (copo)
Macia / 3/4
Média / 1
Dura / 1+ 1/4

Razão do uso do anti-calcário

Quanto mais dura for a água, maior é a dosagem. Nas zonas calcárias, as águas são mais duras; a utilização de um anti-calcário evita a precipitação de carbonato de cálcio no tambor, em consequência da variação da temperatura no interior da máquina.
Prof. Sílvio Jesus

Recurso naturais

A água

A água é dos principais componentes dos sistemas vivos, o líquido mais comum da biosfera e o recurso mais precioso.

As características climáticas da ilha da Madeira são influenciadas de forma marcada ou mesmo definidas pelo relevo vigoroso e pela orientação E-W da ilha. A orientação da ilha e o seu relevo intersectam as massas de ar marítimo que se deslocam no oceano Atlântico, no sentido NW-SE, o que origina intensa precipitação nas zonas mais elevadas da ilha e em todo o Norte. Nas encostas Sul e nas baixas altitudes, as precipitações são muito menores. Assim, verifica-se que em toda a costa Norte e nas zonas altas da ilha, as precipitações são intensas e distribuem-se por quase todo o ano com diminuição significativa apenas nos meses de Julho, Agosto e Setembro em que há menor precipitação e menos dias de chuva; na costa Sul passam –se quase seis meses sem precipitação.
A separação entre os dois pólos de precipitações mais elevadas faz-se ao longo dos vales da Ribeira Brava e de São Vicente onde a altitude máxima é de cerca de 1000 metros na Encumeada, que corresponde à divisória entre os dois vales.
Do ponto de vista hidrológico, podemos afirmar que a existência de maiores ou menores recursos hídricos subterrâneos depende das características geológicas e geomorfológicas.
As escoadas constituem os níveis preferenciais de infiltração e circulação subterrânea. Os filões funcionam como zona drenante, em particular quando atravessam os piroclastos. Estes têm comportamento bastante diversificado e dependem das características granulométricas. Os cineritos constituem um nível impermeável e, consequentemente, dão lugar ao aparecimento de nascentes que surgem nas suas mais variadas cotas, em locais topograficamente favoráveis.
As nascentes situam-se a altitudes bastantes diferentes e, nalguns casos, quando as águas não são devidamente aproveitadas, voltam a infiltrar-se sempre que atravessam níveis de escoadas, contribuindo para aumentar os caudais de nascentes a cotas inferiores. São particularmente caudalosas as nascentes situadas a cotas de cerca de 100 metros, como por exemplo as do Risco e das Vinte e Cinco Fontes no Rabaçal.
Os piroclastos mais grosseiros comportam-se como aquitardos, constituindo armazenamento significativo cujo aproveitamento se faz recorrendo a galerias que são produtivas sempre que intersectam níveis de escoadas intercaladas nos piroclastos ou filões que o atravessam.
As águas da ilha da Madeira são quase sempre pouco mineralizadas, com condutibilidade geralmente inferiores a 300 u/s (micra por segundo) e quimicamente distribuem-se entre o tipo bicarbonatado sódico e cloretado sódico. Até aos 700 e acima dos 1300 metros predominam as águas cloretadas, respectivamente por efeito do mar e dos nevoeiros, enquanto nas altitudes compreendidas entre estes valores predominam as águas bicarbonatadas (ALMEIDA e tal. 1984). As composições são muito idênticas às águas de Luso e de Caramulo, podendo ser usadas como águas de mesa se forem bacteriologicamente puras.
O pH é geralmente superior a 7 até aos 1000 metros e bastante inferior nas nascentes situadas acima daquela cota.
A temperatura mostra uma acentuada correlação com a altitude verificando-se um decréscimo de cerca de 1º C por cada 200 metros de aumento de cota.
O aproveitamento dos recursos hídricos da ilha da Madeira foi iniciado no séc. XV, algumas décadas após a colonização da ilha, criando o sistema de “levadas”. Estas, permitem captar as águas das nascentes e algumas superfícies e conduzi-las ao longo das curvas de nível até onde são necessárias às culturas. As águas assim captadas destinam-se quase exclusivamente à irrigação de culturas situadas na costa Sul, onde o clima é mais seco.
Actualmente se está desenvolvendo um plano global que visa o aproveitamento múltiplo dos recursos hídricos na produção de energia eléctrica, no regadio e no abastecimento público.
É na concretização deste Plano que foram construídas as centrais hidroeléctricas actualmente existentes e outras recentemente projectadas.
O desenvolvimento turístico levou a dificuldades no abastecimento público sendo as necessidades superadas à custa da água de regadio.
É neste contexto que se desenvolveram projectos de captação através de furos e se avança na construção de novas galerias.

Ribeira Brava

A povoação encontra-se situada no grande vale de erosão que se desenvolve até S. Vicente na costa Norte com a divisória situada na Encumeada a 1000 metros de altitude.
Do ponto de vista geomorfológico, o vale da Ribeira Brava – S. Vicente faz a divisão da ilha em zona planáltica a Oeste e zonas dos picos a Este.
O abastecimento de água é feito a partir de dois furos executados na margem do vale, a um profundidade de 30 a 60 metros tendo produtividades de 5 l/s, captados em níveis basálticos. Utiliza-se ainda uma galeria de dimensões restritas situada no Espigão que fornece um caudal de 12l/s.
A levada do Norte que circula a cerca de 1000 metros de altitude, foi construída entre 1947 e 1952, vai buscar a sua origem à Ribeira do Portal da Burra, nos cabeços da Ribeira do Seixal, a mil metros de altitude, numa extensão de 51.245 metros a céus descoberto e 9 322 subterrâneos, sendo acrescida duma rede secundária de regadio com 70 000 metros, dos quais 11 000 são para irrigação de S. Vicente e 59 000 para a irrigação da Ribeira Brava, Campanário, Quinta Grande, Estreito e Câmara de Lobos. Este ambicioso projecto para além de aumentar a agricultura nas referidas freguesias da costa Sul da ilha da Madeira, vai abastecer uma importante Central Hidroelétrica da Serra de Água.
Esta obra foi inaugurada no sítio do Espigão, da freguesia da Ribeira Brava no primeiro de Julho de 1952, numa cerimónia oficial conhecida pela Festa da Água. No seu terminal a levada trazia desde a fonte do Hortelão, na freguesia do Seixal um caudal de cerca de 500 litros por segundo. Uma outra levada importante é a levada do Moiro: com origem na Ribeira do Folhadal, Pináculo e Monte Trigo, a 1450 metros de altitude, tem uma extensão de 10 Km, servindo para irrigação de S. Vicente, Ribeira Brava e Tábua. Atendendo ao crescimento de habitações na Ribeira Brava, o consumo de água aumentou significativamente e, por isso, construiu-se recentemente reservatórios de água para abastecimento das populações da zona alta e da vila.


Bibliografia:

Carvalho, A.M. G.; Brandão, J.M. (1991) “Geologia do Arquipélago da Madeira”. 1ª edição. Museu Nacional de História Natural.

Duarte S & Silva M. (1987) “Hidrogeologia das Rochas Vulcânicas” DGSB (Divisão de Hidrogeologia Aplicada), Funchal, 8-17 Setembro

“A Levada do Norte” in D.N. Madeira, 5 de Junho de 1991

Fotos: Prof. Sílvio Jesus